

Número de mortos por chacina no Equador sobe para 17
Pelo menos 17 pessoas morreram e outras 14 ficaram feridas nos ataques armados ocorridos no domingo (27) em uma zona conflituosa da costa do Equador, um dos países mais violentos da região por conta das disputas de gangues de narcotraficantes, informou a polícia nesta segunda-feira.
Poças de sangue inundaram as ruas desertas onde o massacre do domingo ocorreu e deixou um menor morto. Quinze das vítimas foram baleadas com tiros de pistola e fuzis nos arredores de um bar do pequeno povoado de Las Guayas (sudoeste). Outras duas foram assassinadas a poucos quarteirões do local.
Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver o desespero de uma mulher que chorava pela morte do irmão. Além dos gritos pela perda, o vídeo também capturou a imagem de corpos ensanguentados no chão entre mesas caídas.
"Os cidadãos do setor indicam que, quando chegaram as caminhonetes (com os pistoleiros), esses indivíduos gritaram 'Lobos ativos'", declarou à AFP o major Óscar Valencia, chefe policial da área, que em um primeiro relatório, na meia-noite de domingo, relatou 14 mortos.
Os Lobos são um dos mais de 20 grupos criminosos que operam no Equador com conexões com cartéis internacionais, dedicados ao tráfico de drogas, extorsão, sequestro e mineração ilegal.
De acordo com a Insight Crime, em 2024 a gangue estava em 16 das 24 províncias do país e de expandia e consolidava com o principal rival de Los Choneros, a quadrilha mais antiga e poderosa que se dividiu.
Segundo a organização, no ano passado o Equador superou todos os países da América Latina em número de homicídios com uma taxa de 38 a cada 100 mil habitantes.
- A hipótese -
A polícia indicou que 14 dos falecidos não tinham antecedentes criminais. Falta identificar os três restantes. Entre os mortos está um menor de idade, que, ferido, correu um quilômetro até falecer.
Dos 14 feridos que estão nos hospitais, um está em estado grave.
A polícia estuda a hipótese de que os assassinos "estavam procurando alguma pessoa", comentou Valencia.
Ainda se investiga se as vítimas morreram no fogo cruzado ou se a gangue disparou indiscriminadamente contra os civis, em uma estratégia para infundir terror.
As autoridades continuam trabalhando na região, onde foram encontrados 37 indícios balísticos, disse o oficial.
O aumento da violência levou o presidente Daniel Noboa a declarar o país em conflito armado interno em 2024. A medida permite manter as Forças Armadas desdobradas nas ruas e nas prisões, que se tornaram centros de operações do crime organizado.
Os corpos das vítimas foram levados para o necrotério da cidade vizinha de Quevedo, na província de Los Ríos, por ser a mais próxima do local do massacre. Lá, entre choros e gritos desesperados, dezenas de familiares lamentavam e esperavam a entrega dos corpos para levá-los à sepultura.
- Ano mais violento -
Apesar da presença militar em zonas de conflito e das constantes declarações de estado de exceção, as mortes violentas continuam no Equador. Entre janeiro e maio, foram registrados 4.051 homicídios, segundo números oficiais.
Em 2023, o país registrou o recorde de 47 assassinatos para cada 100 mil habitantes.
Há uma semana, nove pessoas foram assassinadas enquanto jogavam sinuca em um bar do balneário turístico de General Villamil (sudoeste).
O crime foi semelhante: homens armados com fuzis entraram no local e abriram fogo.
Dias antes dessas mortes, o porto pesqueiro de Manta (sudoeste) foi abalado por uma sequência de homicídios. Pelo menos 20 pessoas foram assassinadas nessa localidade, reduto do temido e extraditado narcotraficante Adolfo Macías, conhecido como Fito.
O chefe do tráfico foi recapturado lá em julho e, em seguida, enviado aos Estados Unidos para ser julgado.
Especialistas consideram que este é o início de ano mais violento que o país já viveu em sua história recente.
K.Rendon--BT