

Zelensky pressiona para 'mudança de regime' na Rússia após bombardeio mortal em Kiev
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu um aumento da pressão por uma "mudança de regime" na Rússia após uma série de bombardeios que deixaram pelo menos sete mortos em Kiev e depois que Moscou anunciou a tomada de uma posição-chave.
Zelensky chamou os bombardeios de "assassinatos exemplares" e afirmou acreditar ser possível pressionar a Rússia a encerrar a guerra, que começou em fevereiro de 2022 com a invasão em larga escala das tropas de Moscou.
"Acredito que é possível pressionar a Rússia a encerrar esta guerra. Ela a começou e é possível forçá-la a encerrá-la", disse Zelensky em um discurso online durante uma conferência na Finlândia em comemoração ao 50º aniversário da Conferência de Helsinque, que aliviou as tensões durante a Guerra Fria.
O presidente ucraniano alertou que "se o mundo não aspirar a uma mudança de regime na Rússia, isso significa que, mesmo após o fim da guerra, Moscou continuará tentando desestabilizar os países vizinhos".
Zelensky pediu que os ativos russos fossem congelados e usados contra Moscou, após uma série de bombardeios russos que deixaram pelo menos sete mortos, incluindo uma criança, e 52 feridos, de acordo com as autoridades ucranianas.
O ataque com drones e mísseis atingiu 27 posições em Kiev nesta madrugada e deixou quase 50 feridos.
Jornalistas da AFP presentes no local viram prédios residenciais em ruínas, carros carbonizados e bombeiros tentando apagar os restos de um incêndio, enquanto as equipes de resgate procuravam sobreviventes nos escombros.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiga, reiterou seus apelos por uma maior pressão sobre a Rússia após o que chamou de "uma manhã horrível em Kiev", citando a destruição de prédios residenciais e danos a escolas e hospitais.
"É hora de aplicar uma pressão máxima sobre Moscou", declarou o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, que afirmou que o presidente dos EUA, Donald Trump, "tem sido muito generoso e muito paciente" com o presidente russo, Vladimir Putin.
Este ataque russo ocorreu depois que o presidente americano deu a Putin um ultimato de dez dias, na segunda-feira, para encerrar a guerra na Ucrânia, ameaçando impor novas sanções.
- Rússia reivindica reduto-chave -
O Exército russo reivindicou, nesta quinta-feira, a captura de Chasiv Yar, uma posição-chave na frente oriental, considerada um reduto das forças ucranianas.
Um porta-voz militar de uma unidade ucraniana destacada na área negou rapidamente que as forças russas tenham o controle de Chasiv Yar, uma cidade na região de Donetsk, onde combates intensos ocorrem há meses.
"Sempre aconselho a não considerar o Ministério da Defesa russo como fonte de informação. Eles simplesmente mentem de forma sistemática, e o simples fato de nos pedirem sempre para comentar suas mentiras mais recentes é um erro", disse Viktor Tregubov, porta-voz do Grupo Operacional Estratégico de Forças em Khortitsia.
Se a alegação da Rússia for confirmada, as tropas de Moscou ganharão uma posição estratégica no topo de uma colina, após meses de progresso lento, mas constante.
Chasiv Yar tinha cerca de 12.000 habitantes antes da guerra, mas agora está completamente devastada. Essa posição abriria caminho para o avanço das forças russas em direção aos dois redutos de Donetsk onde permanecem civis, como Kramatorsk e Sloviansk, que também servem como centros logísticos para o Exército ucraniano.
A captura de toda Donetsk tem sido uma prioridade para o Kremlin desde que este alegou anexar essa região como parte de seu território em setembro de 2022.
Apesar da pressão dos Estados Unidos, a Rússia intensificou seus bombardeios contra a Ucrânia nas últimas semanas, e a última rodada de negociações de paz em Istambul mais uma vez evidenciou a distância entre as posições dos dois lados.
A Rússia reivindica as quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas que alegou ter anexado em setembro de 2022: Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, e exige que Kiev renuncie às suas aspirações de aderir à Otan.
Essas condições são descritas como inaceitáveis pela Ucrânia e seus aliados ocidentais.
K.Rendon--BT